sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Efeito platô ocorre após oferta calórica muito baixa

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Perder peso virou tratamento de urgência. Bom seria se existisse uma UTI - Unidade de Terapia Intensa -para atender tantas pessoas que buscam o emagrecimento rapidamente. Melhor ainda se esse procedimento pudesse ser seguro e adequado para atender a demanda de saúde. Ainda mais, o ideal seria que o emagrecimento fosse um tratamento apenas de quem realmente precisa, seguindo orientações embasadas cientificamente, sem modismos e promessas de rápidos resultados.  
Inicialmente todos os tratamentos emagrecedores seguem o mesmo princípio básico do desequilíbrio calórico. Come-se menos do que gasta ou gasta-se mais do que se come. Um conceito simplista para se adequar à máquina tão complexa que é o corpo humano. Há tantos mecanismos intrincados na gênese da obesidade, que vão desde hormônios que sinalizam fome e saciedade, sistemas cerebrais que envolvem aprendizado alimentar e resposta de prazer à ação do próprio tecido gorduroso. A dieta equilibrada vai além da proposta de déficit calórico, busca ofertar os nutrientes de forma segura para interagir com esses mecanismos ou influenciá-los de forma positiva, gerando o emagrecimento contínuo e a manutenção do peso perdido. 

As dietas com propostas emagrecedoras não acadêmicas atendem a demanda da sociedade atual. Geralmente são hipocalóricas, independente das propostas, como sem glúten, sem lactose, sem carboidratos, líquidas, entre outras, levam ao emagrecimento rápido e veloz. Tão interessante e motivador. Os níveis de autoestima vão ao pico e a felicidade parece que nunca vai acabar. Mas essas dietas não consideram os mecanismos complexos associados ao ganho de peso, e de repente, ele não ocorre mais. Tudo igual, mesma dieta, mesma disciplina, mesmo controle, e nem um quilinho a menos. Vários argumentos tentam explicar esse fenômeno: "o metabolismo deve ter mudado", "é a idade" ou o mais óbvio "essa dieta não funciona mais". Ocorre o que chamamos popularmente de "efeito platô". 

O efeito platô pode ser explicado pelas alterações naturais do corpo em detrimento à baixa oferta calórica. Quando a oferta alimentar é muito aquém das necessidades do corpo humano, ele se arma de mecanismos que protegem seus estoques, evitando a queima calórica e reduzindo seu trabalho metabólico. É como se corpo estivesse se protegendo da desnutrição. A resposta imediata é o fim do emagrecimento e o pior, o próximo passo é o reganho de peso, praticamente inevitável. Ainda que nesse momento as pessoas busquem seguir uma dieta equilibrada, será quase impossível impedir o ganho de peso.  

Além disso, sempre que se promove um rápido emagrecimento, a composição do peso perdido é, em sua maioria, massa muscular e água. O músculo é o maior responsável pelo trabalho metabólico e queima calórica do corpo humano e quando há diminuição de massa magra naturalmente a queima calórica de um corpo cai, reduzindo assim sua necessidade alimentar. Se o organismo já esta recebendo pouco, não há como reduzir ainda mais o consumo, logo não há mais possibilidade de emagrecer. Além disso, o emagrecimento à custa de músculo causa flacidez, tudo que todos, principalmente as mulheres, abominam.  

Apesar dos riscos, as dietas da moda continuam a encantar muitas pessoas graças às promessas milagrosas de perda de peso, criando uma legião de pessoas insatisfeitas, com várias histórias de efeito sanfona e incapacidade de continuar a perder peso. Após tantas tentativas de emagrecer seguindo orientações equivocadas, a resposta do corpo, mesmo com atividade física e dieta balanceada, é menor e a orientação mais eficiente nesses casos é a paciência.  

Perder peso é um tratamento de saúde. Não atende a nenhuma urgência e não deve ser encarado como puramente estético. Os riscos são conhecidos e não devem ser subestimados. Afinal, conhecer o efeito platô só é bom na teoria! 

Matéria publicada pelo site Minha vida 

MMA: nutricionista dá detalhes sobre dieta de lutadores antes dos combates

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      O processo de emagrecimento para as lutas de MMA exige acompanhamento médico, cuidado, foco e disciplina. Recentemente, o lutador do UFC, Renan Barão, sofreu um mal estar e precisou ser hospitalizado antes da luta com TJ Dillashaw, na disputa pelo cinturão dos pesos-galos no UFC 177. 


      Graduado em educação física e nutrição, e pós-graduado em fisiologia aplicada a saúde e ao desempenho e em nutrição esportiva, Rafael Holanda trabalha diretamente com atletas em Alagoas. Ele explicou como funciona a fase de perda de peso antes dos embates no octógono e indicou algumas orientações para que isso não influencie na saúde. 

      Sendo as artes marciais mistas um esporte de muito impacto corporal e que desgasta fisicamente, é necessário um planejamento correto para alcançar a preparação ideal, sem que o lutador sofra com danos à saúde. O nutricionista esportivo conversou com um site especializado em esportes e explicou alguns dos principais passos dados pelos profissionais da área para acompanhar o desenvolvimento do atleta até o dia da luta. 

- Os atletas treinam em dois períodos e, às vezes, chegam a ter três treinos por dia com uma carga total de cinco a oito horas de atividades diárias, que proporciona uma grande demanda energética para o desenvolvimento de tais atividades. Um lutador de MMA precisa de força, resistência, velocidade, agilidade, entre outros aspectos que um atleta necessita para um ótimo desempenho em cima do octógono, sendo a nutrição hoje um fator decisivo para o desempenho dele. 

      Essa carga de treinos tem que ser conciliada com dieta e acompanhamento nutricional. Compondo a equipe da Adois Fight, que conta com cerca de 15 lutadores, Rafael revelou o método que adotou para trabalhar a preparação de emagrecimento. 

- Trabalhamos os atletas com a média de 10 a 15kg a mais do que o peso que ele bate para lutar. Na faixa de 20 a 25 dias antes das lutas, começamos a redução de peso e geralmente na última semana a restrição é mais severa, é onde temos que acompanhar diariamente, junto a toda comissão de treinadores, os sinais clínicos e físicos dos atletas, para que ocorra tudo da melhor forma possível para eles baterem o peso.

      Obviamente, se livrar de tantos quilos assim em um período tão curto de tempo é muito difícil. O nutricionista lembrou que um dos caminhos utilizados pela maioria dos lutadores é a escolha da desidratação. 

- Um dia antes ou até no mesmo dia da pesagem ocorre a fase da desidratação, onde se usa saunas e banheiras para tirar na faixa de três a seis quilos do atleta. Após a pesagem, ocorre o inverso, onde se faz a reidratação e compensação alimentar, fazendo com que o atleta recupere os 10 a 15kg que perdeu nessa fase. Isso, claro, não é tão benéfico à saúde, mas faz parte do esporte [MMA] e com uma equipe por trás, que dê o suporte ao lutador, conseguimos os objetivos de uma forma mais segura. Trabalhamos em nossa equipe com o método da sauna, que sabendo dosar a quantidade de peso de cada atleta, conseguimos bater o peso de uma forma mais tranquila.

      Holanda argumentou que para se perder peso de forma saudável tem que trabalhar para que seja perda de gordura e não de massa muscular. Ele observou que quando o emagrecimento é muito rápido, geralmente a maioria do que se perde é massa muscular e água, não sendo tão benéfico desde o atleta ao indivíduo comum. Segundo Rafael, a fase final, em geral, é restrita em carboidratos e a dieta tem um valor calórico total baixo, para que o processo seja mais rápido. Então, pães, massas e doces em geral são vetados pelo nutricionista. 

De acordo com ele, na fase final, é muito difícil apontar algum benefício para a saúde, é mais para se credenciar à luta e não ter desvantagem contra o outro oponente, porque se o peso for batido antes do tempo, o atleta vai lutar com 5 a 10kg de desvantagem e, segundo ele, isso é totalmente inviável. Por isso que todos vão buscando métodos para que se recupere a maior quantidade de peso possível.

- Falando num contexto geral, tanto para ganhar ou perder peso sempre a forma mais coerente e saudável é quando ocorre gradativamente. Métodos mais incisivos só funcionam a curto prazo e são usados no caso do MMA em situações específicas - analisou Rafael Holanda, fazendo a ressalva de que, sem o acompanhamento correto, o lutador pode sentir fraqueza e entrar no octógono sem a mesma potência nos golpes. 

 - Quando se perde a mão [força] na perda de peso e não há uma boa recuperação, o atleta sobe no octógono depletado e com menos energia que o adversário, apresentando mais rápido a fadiga e tendo menor nível de força nos golpes. Sendo o MMA um esporte decidido no detalhe, a probabilidade de derrota é muito grande - alertou.

      Inteirado do que acontece no esporte, o alagoano comentou sobre o caso de Renan Barão. 

- Em relação ao Renan Barão, ele já utilizou o método que o levou a passar mal na última luta diversas vezes e nunca sentiu nada. Mas dessa vez sentiu. É muito difícil apontar totalmente qual foi o erro ou se foi uma resposta diferente do atleta à estratégia que já estava adaptado. Mas claro que pode ter ocorrido algum excesso na perda de peso do atleta ou alguma outra situação específica que não foi divulgada.

Matéria publicada pelo site Globoesporte.com

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Corrida: por que meus dedos incham?

      Pés e mãos inchados fazem parte da sua rotina de treinos longos? Saiba o motivo do incômodo e aprenda a evitá-lo.

Pés e mãos inchados fazem parte da sua rotina de treinos longos?
Foto: Shutterstock

      Alguma vez você já reparou que depois de corridas mais longas, como a meia-maratona e os 42 km, os seus dedos da mão e do pé estavam inchados? Fique tranquilo, pois isso é comum, especialmente quando você corre em dias quentes.
      Uma das razões para que isso aconteça é o desequilíbrio eletrolítico. O sal que corre em seu sangue deve ser mantido em equilíbrio para evitar o inchaço em seus tecidos. Por isso, quando você perde muito sal através do suor ou, o oposto, quando você inclui muito sódio na dieta, as extremidades do seu corpo ficam mais rechonchudas.
      Mas o inchaço também pode ser sinal do aumento da demanda cardiorrespiratória e, consequentemente, da frequência cardíaca e da vasodilatação. Outra possibilidade é o aumento da resistência ao retorno venoso, ou seja, o sangue tem dificuldade para retornar ao coração, o que provoca o edema das extremidades do corpo. Aliás, preste atenção à posição dos seus braços durante a corrida. O mau posicionamento dos membros superiores (abaixo do nível do coração) também pode gerar piora do retorno venoso.
      Em casos mais raros, o inchaço das mãos e dos pés pode ser sinal de hiponatremia, resultado da ingestão de quantidades excessivas de água, causando uma baixa na concentração de sódio no sangue. Outros sinais de hiponatremia são náuseas e vômitos.
Como evitar o problema?
      Se você perceber que seus dedos estão inchados durante ou após a corrida, tire anéis, afrouxe o relógio e certificar-se de que seus tênis e meias de corrida não estão muito apertados.
      Movimentar as mãos e os braços durante a prática esportiva também é ótimo. Balance os braços em círculos durante as passadas e estique os dedos da mão para facilitar a passagem sanguínea. Por vezes, elevar os braços acima do nível do peito também pode ser uma boa solução quando os dedos incham.
      Após a corrida mantenha os membros inferiores elevados e, caso o incômodo persista, use compressa gelada tanto nas mãos quanto nos pés. Mas observe se o edema é igual dos dois lados do corpo e fique atento a qualquer sinal de dor. Se você perceber algo diferente, procure um médico para avaliação, pois o caso pode ser mais grave.
(Fonte: Dr. Roberto Ranzini, ortopedista e médico do esporte, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), médico do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz – São Paulo).

6 erros comuns no treino na esteira

      Treinar na esteira tem diversas vantagens. Mas, certas vezes, por ser mais cômodo fazer um treino indoor os erros aparecem com maior frequência. Saiba do que você deve fugir.

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      Você costuma usar a esteira como um recurso para os treinos em dias frios, chuvosos ou quentes demais? Recorre ao aparelho todas as vezes que o seu tempo está apertado para correr nas ruas? Realmente esse é um dos equipamentos mais conhecidos dentro das academias. Entretanto, por mais simples que possa parecer, muitos erros ainda são comumente vistos nas corridas na esteira.
      Para que você fuja dessas ciladas e use a esteira de uma maneira proveitosa para voar baixo, listamos os seis equívocos mais comuns entre os corredores.
1. Correr segurando a esteira
      A esteira tem como objetivo principal simular a caminhada ou a corrida na rua. Dificilmente você fará na rua uma caminhada com o auxílio de algum acessório para lhe ajudar no equilíbrio ou na sustentação da postura. Portanto, o uso do aparelho com apoio das mãos só é aceitável para aqueles que estão iniciando a vivência na esteira ou para mensurar a frequência cardíaca pelos sensores que, geralmente, ficam no apoio da barra frontal.
      Se você usa esse apoio constantemente durante o exercício, traz mudanças biomecânicas para a corrida, causando compensações posturais. Isso fará com que a corrida de rua se torne muito mais difícil. Um exemplo muito clássico é quando o usuário coloca uma inclinação na esteira, mas, em vez de ajustar a posição do corpo, inclinando-o para frente, continua segurando no corrimão e mantendo a mesma posição de quando a esteira estava sem inclinação. Isso também acontece nos aumentos de velocidade. Na realidade, fazendo isso seu treino continua com a mesma intensidade.
      Uma forma de ajustar ou corrigir esses erros é diminuir a velocidade e, aos poucos, ir tentando soltar as mãos da esteira. No começo pode parecer difícil e até dar tontura.
2. Correr saltando
      Uma das maiores diferenças entre a esteira e a rua é a mecânica da máquina. Enquanto na rua você precisa se impulsionar à frente para a fase final do movimento de corrida, na esteira essa fase de propulsão é facilitada pela lona. Isso acarreta mudanças significativas na mecânica natural da corrida. O fato de você diminuir a ação do deslocamento à frente tende a fazer com que você salte mais na esteira, fazendo movimentos mais verticais com o corpo. Isso resulta em maiores impactos nas articulações do tornozelo, do joelho e do quadril.
      A correção do movimento passa por um processo de identificação do erro, fazendo com que você tenha maior atenção com cada fase da passada. Geralmente, a fase da saída do antepé do solo é subestimada, o que faz com que você salte mais, em vez de empurrar o solo para trás. Exercícios coordenativos ou corretivos de corrida auxiliam nessa correção.
3. Sair e voltar da esteira
      É muito comum corredores fazerem corridas mais fortes intercaladas com intervalos passivos, isto é, aqueles em que você fica parado em cima da esteira com os pés na borda. Esse tipo de treino faz com que você retorne à esteira apoiando as mãos nos braços do aparelho, retomando a corrida na mesma velocidade em que você terminou o tiro, o que o obriga a acelerar em um tempo muito curto e chegar a velocidades altas de forma muito perigosa.
      Por mais que isso não seja considerado um erro completo, o fato de você expor o corpo a uma situação de aceleração acima do que seria considerado normal faz com que a eficiência do treinamento de aceleração seja ignorada. Como a aceleração é um estimulo importante nos treinos de corrida, o aumento progressivo das velocidades no retorno ao um novo tiro seria o mais adequado.
4. Uso do celular e desatenção
      Com o avanço da tecnologia e o aprimoramento dos aparelhos celulares, hoje é normal vermos corredores treinando com o celular nas mãos. Isso torna o exercício na esteira muito perigoso. Usar o celular ao mesmo tempo em que você corre pode fazer com que tropece e (até) caia do aparelho por falta de atenção. Isso acontece também quando você perde o foco por estar assistindo televisão ou conversando com o colega da esteira ao lado.
      Para evitar o problema, basta parar o equipamento, ou até mesmo pisar fora da lona, enquanto necessita digitar algo importante ou conversar com alguém ao lado, ações que necessitam de muita atenção.
5. Treino com acelerações muito curtas
      Fazer treinos de tiros na esteira traz a facilidade de controlar melhor as velocidades, além de mensurar, através dos tempos, como está o seu condicionamento físico. Mas esse tipo de benefício pode confundi-lo. Para quem gosta de fazer treinos por distâncias mais curtas, como 100, 200 ou 300 metros, a esteira não é a melhor opção. Primeiro porque leva certo tempo até que a velocidade desejada seja alcançada pelo aparelho, e esses segundos preciosos de aumento progressivo pelo motor da esteira podem descaracterizar o seu treino. Segundo porque o fato de você subestimar a fase de saída do antepé da esteira altera a eficiência mecânica desses tipos de treinos, que têm como característica a pisada com o antepé quase o tempo todo.
6. Percepção de frequência cardíaca
      Esse último erro também é muito comum: tentar encontrar a frequência cardíaca em treinos mais intensos com estímulos curtos de 1 a 3 minutos. Sempre tenha em mente que leva um certo tempo para que a demanda de esforço se equilibre com a intensidade do exercício. E, além disso, o acúmulo da fadiga altera a sua frequência cardíaca. Fazer esse tipo de treino na esteira faria com que você ficasse o tempo todo reajustando as velocidades para encontrar a sua frequência ideal.
      A sugestão é que para treinos mais intensos você use apenas a percepção de esforço subjetivo ou a escala de Borg, enquanto que em treinos mais longos, com intensidades mais constantes, você pode usar a frequência cardíaca ideal indicada para o seu condicionamento físico.
(Fonte: Felippe Norimatsu, professor responsável pelos treinos de corrida na Reebok)

Em cada etapa da vida, uma dieta diferente

Do início da fase adulta à terceira idade, veja os alimentos que não podem faltar na dieta do corredor.

Do início da fase adulta à terceira idade, os alimentos que não podem faltar em seu cardápio
Foto: Shutterstock

      Conforme envelhecemos, nossas necessidades nutricionais mudam, pois não só o nosso organismo sofre alterações com o passar do tempo como também o estilo de vida acaba mudando. O corpo de um jovem de 20 anos não é o mesmo de uma pessoa na terceira idade — assim como suas responsabilidades no trabalho e na família. Com o passar dos anos, o metabolismo desacelera, a absorção de alguns nutrientes já não é mais a mesma e a elasticidade da pele diminui, do mesmo modo que a produção de alguns hormônios. Ao mesmo tempo, cresce o estresse no trabalho, a correria do dia a dia e também a preocupação financeira e com o bem-estar da família. Em meio a tudo isso, o cuidado com a alimentação também sofre, o que pode prejudicar o desempenho nas atividades físicas, sem falar nas consequências para a saúde.
      Segundo a nutricionista Carla Cotta, estima-se que, a cada dez anos, a pessoa tenha uma diminuição de 3% a 4% do seu metabolismo basal, que é a quantidade mínima de energia necessária para manter as funções do organismo em repouso. “Isso ocorre por causa da redução do nível do hormônio do crescimento e por conta da diminuição significativa na porcentagem de massa muscular em relação ao tecido gorduroso”, explica.
      Seguir uma dieta balanceada e específica para cada faixa etária ajuda a prevenir doenças como câncer, osteoporose e distúrbios cardiovasculares. Além de essas necessidades mudarem conforme a idade, elas variam entre os sexos, uma vez que há demandas nutricionais distintas entre homens e mulheres, principalmente se praticarem algum esporte.
      Para que você não se descuide em nenhuma fase de sua vida, destacamos algumas recomendações para cada etapa.

Entre 20 e 30 anos
      Nessa faixa etária, homens e mulheres possuem um metabolismo funcionando em ritmo acelerado, o que, normalmente, reduz a preocupação com a manutenção do peso. Isso não quer dizer, entretanto, que é permitido abusar. Para aqueles que praticam atividade física regularmente, recomenda-se o consumo de carboidratos integrais para fornecer energia, proteína para manter a musculatura, e vitaminas e minerais para atuarem nas reações metabólicas do organismo. Além de não descuidar da hidratação.
Mulher
      Encontra-se no auge de sua maturidade fértil, devendo ter, portanto, uma alimentação balanceada para manter sua saúde e qualidade de vida. Segundo a nutricionista Aline Castro, nesse período a mulher necessita de um aporte maior de cálcio, principalmente se estiver gestante ou em fase de amamentação. “Caso ela queira engravidar, além o cálcio, é preciso aumentar o consumo de ácido fólico, potássio, zinco e vitamina B6. Esses dois últimos ajudam, entre outras funções, a aumentar a fertilidade feminina”, acrescenta.
Homem
      Por possuir mais massa muscular do que a mulher, o homem precisa de um aporte maior de calorias em sua dieta. Os carboidratos são a principal fonte de energia, porém, a preferência deve ser dada aos integrais. Proteínas com baixo teor de gordura também não podem faltar no cardápio, pois ajudam a manter
a musculatura. Além disso, o licopeno, presente no tomate, pimentão vermelho, goiaba, entre outros alimentos de pigmentação vermelha, também é essencial na prevenção do câncer de próstata.
Entre 30 e 40 anos
      A partir dessa idade, o metabolismo começa a ficar um pouco mais lento. Imprescindível, portanto, investir no consumo adequado de proteínas para garantir que não ocorra perda de massa magra, que é fundamental para manter o metabolismo mais ativo. As obrigações tendem a aumentar tanto na vida profissional como na pessoal. De acordo com Carla Cotta, é preciso cuidado extra para evitar os efeitos do estresse e suas consequências no sistema imunológico. “Uma dica é incluir boas fontes de antioxidantes na dieta, pois estes podem inibir ou retardar o aparecimento de células cancerígenas”, afirma.
Mulher
      A produção de colágeno, fibra que dá sustentação à pele, começa a diminuir após os 30. Para compensar a perda, é preciso manter em dia as cotas de consumo de vitamina C, presente nas frutas cítricas, e de minerais como o silício orgânico, encontrado na aveia, milho, arroz, frutos do mar e cogumelos. É nessa fase também que a mulher começa a sofrer alterações hormonais, como a diminuição de estrogênio, que, mais adiante, levará à menopausa. “Diversos alimentos podem atenuar esses efeitos, como mamão, laranja, frutas vermelhas e roxas, e outras fontes de ácido elágico que proporcionam benefícios para a pele; e ainda as sementes oleaginosas e o suco de uva, que ajudam a equilibrar os níveis de estrogênio”, diz Carla.
Homem
      Para garantir a manutenção do peso, a preocupação com a alimentação precisa ser redobrada. Também é necessário pensar em como evitar os efeitos nocivos do estresse e, ainda, reforçar o sistema imunológico. Afinal, é nesse período que os compromissos profissionais costumam tomar mais tempo na rotina, além de competirem com os pessoais, principalmente quando se tem uma família. Nesse sentido, os alimentos ricos em substâncias antioxidantes ajudarão a manter o equilíbrio, expulsando as toxinas.
Entre 40 e 60 anos
      A partir dos 40 anos, o metabolismo, de forma geral, já está passando por uma transição para o envelhecimento. Os processos fisiológicos e metabólicos se tornam mais lentos e os hormônios reprodutivos estão menos ativos. Nota-se também maior dificuldade de manter ou aumentar a massa muscular.
Segundo a nutricionista Maria Luisa Bellotto, na meia-idade, os indivíduos fisicamente ativos devem se preocupar em repor as perdas impostas pela atividade física, combater os radicais livres gerados por ela e proporcionar condições que favorecem o anabolismo.
Mulher
      Algumas mulheres, na tentativa de perder gordura corporal, deixam de ingerir nutrientes essenciais, o que gera, sem elas saberem, a perda de massa muscular e, portanto, uma desaceleração ainda maior do metabolismo.
Homem
      Devido à queda dos níveis de testosterona, seus músculos agora levam mais tempo para retomar a força depois de malhar. Além disso, o homem de meia idade tende a relaxar mais em relação à alimentação e à prática da atividade física, passando a ter maior predisposição para engordar. Em consequência, pode haver um aumento do colesterol e, portanto, dos riscos cardiovasculares. Recomenda-se o consumo de alimentos ricos em ômega-3, como a semente de linhaça e o salmão, que ajudam na redução dos níveis de triglicerídeos e do colesterol. Vale investir também na ingestão de aveia, rica em betaglucana, que ajuda a controlar a glicemia (açúcar no sangue) e a absorção da gordura (colesterol).
Mais de 60 anos
      Os principais problemas nessa faixa etária estão na dificuldade de mastigar, diminuição da saliva e de enzimas digestivas e perda do apetite. “Há também uma redução do suco gástrico, que pode prejudicar a digestão das proteínas e ainda levar à diminuição das microvilosidades intestinais, responsáveis pela absorção dos nutrientes”, afirma Maria Luisa. Segundo a nutricionista, idosos ativos não devem ter uma alimentação diferente, apenas evitar um jejum prolongado. É comum ainda haver uma diminuição da sede, por isso é importante beber água mesmo que não sinta vontade. “A sopa no jantar é uma excelente opção para alimentar e hidratar”, afirma a nutricionista.
Mulher
      É fundamental que a mulher não perca a motivação para cozinhar, pois o consumo em excesso de produtos industrializados pode causar sérios problemas à saúde, uma vez que são muito ricos em sódio. Abuse da variedade de frutas e legumes para evitar deficiências nutricionais. Além de continuar a ingerir fontes naturais de cálcio, não se esqueça de tomar sol (até as 10h da manhã ou após as 16h) todos os dias. Ele ajuda o corpo a produzir vitamina D, que melhora a absorção do mineral, fortalecendo os ossos. Segundo a Associação Americana de Alzheimer, a doença de Alzheimer afeta mais as mulheres que os homens. Apesar de não haver uma dieta específica ou algum grupo de alimento que evite a doença, sabe-se que a boa nutrição é muito importante para o funcionamento cerebral. Estudos indicam que uma dieta rica em colina, nutriente encontrado na gema do ovo, estimula a atividade cerebral e é importante no processo de memória.
Homem
      Câncer de próstata é o tumor mais comum em homens com idade avançada, por isso é fundamental manter uma dieta rica em licopeno, componente que dá a cor vermelha ao tomate e que tem propriedades anticancerígenas. Outro nutriente que não pode faltar são as proteínas, fundamentais para a construção alimentar. Entretanto, devido à dificuldade de mastigar, é muito comum haver uma redução da ingestão de carnes entre os idosos. Uma sugestão é preparar comidas de fácil mastigação, como suflês, carne moída e almôndegas.
(Fontes: Aline Castro, nutricionista da equipe de Nutrição da Clínica São Vicente, especializada em nutrição esportiva; Carla Cotta, nutricionista funcional graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj e diretora técnica da Nutri7 Consultoria em Nutrição; Maria Luisa Bellotto, especializada em nutrição esportiva pela Universidade de Barcelona – Espanha, com doutorado em educação pela Universidade de Lleida – Espanha)