terça-feira, 23 de setembro de 2014

6 maneiras de acelerar o metabolismo

A corrida de rua acelera o metabolismo naturalmente. Mas você ainda pode apostar em outras estratégias, para que o seu corpo queime mais calorias.
A corrida de rua acelera o metabolismo naturalmente. Mas você ainda pode apostar em outras estratégias, para que o seu corpo queime mais caloriasA corrida de rua acelera o metabolismo naturalmente. Mas você ainda pode apostar em outras estratégias, para que o seu corpo queime mais calorias
Foto: Shutterstock

      A corrida de rua traz vários benefícios para a saúde. Mas um dos mais famosos (e procurados por aqueles que querem perder peso) é que essa atividade física acelera o metabolismo. Isso acontece porque correr aumenta o consumo de oxigênio, através da ativação muscular, o que eleva o gasto calórico.
      Mesmo assim, ainda é possível fazer com que você perca mais calorias usando estratégias simples. Listamos seis ótimas maneiras de acelerar, ainda mais, o metabolismo para que você elimine de uma vez por todas os quilos indesejados.
1. Invista no café da manhã
      Você já deve ter ouvido que o café da manhã é a refeição mais importante do dia. Muitas pessoas não ligam para isso e pulam esse período do dia, afirmando que não têm tempo ou não gostam de comer nada quando acordam. Se você espera até o almoço para mandar algo para dentro, seu corpo entende que você está jejuando e manda a informação para o cérebro, que faz com que o seu metabolismo fique mais lento. Tente, ao menos, comer algo rápido, como cereais, manteiga de amendoim com torrada ou frutas. Mais: lembre-se de que, ao tomar café da manhã, você tem mais chances de queimar as calorias ingeridas (durante a corrida, por exemplo), já que você está consumindo alimentos ainda no início do dia.
2. Beba chá verde
      Ele é um ótimo aliado para acelerar o metabolismo. Os antioxidantes encontrados no chá verde podem induzir o organismo a perder calorias na forma de calor, o que aumenta a sua queima calórica. Além disso, ele conta com cafeína, um recurso não medicamentoso bastante conhecido e largamente utilizado para deixar o metabolismo mais atuante. E para o corredor ela é uma ótima pedida, já que contribui para retardar a fadiga e melhorar o rendimento. Mas é importante tomar cuidado com sua ingestão exagerada para não ter irritação do trato gastrointestinal.
3. Aposte na pimenta
      Adicionando um pouco de pimenta nas suas refeições você pode aumentar a quantidade de calorias que seu corpo queima durante a digestão. Além de deixar a comida mais temperada, essa é uma maneira fácil de acelerar o metabolismo.
4. Não pule refeições
      O corpo tem um mecanismo de sobrevivência que economiza calorias, quando você fica um longo período sem comer. Por isso, ao pular refeições, naturalmente, o seu metabolismo diminui para impedir que a fome apareça. Como evitar o problema? Coma de três em três horas. Você pode apostar em lanchinhos durante as refeições principais, o que fará, também, com que você sinta menos fome na hora de se alimentar. Adotando essa estratégia você ainda ajuda a manter os níveis de energia altos durante todo o dia.
5. Coma proteína
      O corpo precisa trabalhar duro para digerir os alimentos que você manda para dentro. E o lado positivo disso é que o seu metabolismo acelera em resposta a esse trabalho. No entanto, ao comer proteínas o aument do metabolismo é um pouco maior do que quando comparado ao consumo de carboidratos ou gorduras (mesmo tendo a mesma quantidade de calorias). É claro que isso não significa que você deve mudar para uma dieta apenas com proteínas, uma vez que os carboidratos são a principal fonte de energia para os corredores. Mas tentar incorporar proteína magra na maioria das refeições é uma boa pedida. Peixe, carne vermelha magra, frango sem pele, peito de peru, iogurte desnatado, leite desnatado e ovos são alternativas saudáveis.
6. Faça atividade física
      Como já foi dito, fazer atividade física é uma ótima maneira de acelerar o metabolismo. Por isso, continue apostando nos seus treinos de corrida, normalmente. E tente ficar em movimento o máximo possível durante o dia. Se você fica muito tempo sentado durante a jornada de trabalho, lembre-se de levantar um pouco para caminhar durante as horas em que estiver no escritório.
(Fonte: Gerseli Angeli, fisioterapeuta e diretora técnica da Physio Institute – São Paulo)

Correr todos os dias é contraindicado?

Você é tão apaixonado pela corrida de rua que treina todos os dias? Saiba o que há de contraindicado nisso.
Saiba o que há de contraindicado em correr todos os dias
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      Você pode pensar que basta pintar uma brechinha na agenda para colocar os tênis e sair para correr. No entanto, investir nas passadas todos os dias pode não ser uma boa estratégia. Isso porque, se você não tem um intervalo para o repouso adequado, as chances de lesão aumentam muito, principalmente, aquelas relacionadas à sobrecarga.
      O repouso na corrida é essencial para que o seu organismo, principalmente a parte musculoesquelética, se recupere da “agressão” que o exercício provoca. O ideal é que você intercale com os treinos de corrida com os de fortalecimento e alongamento muscular, o que não só ajuda na melhora da performance, como auxilia na prevenção de lesões.
      É claro que você não precisa ficar parado nos dias de repouso. Introduzir outras modalidades (como ciclismo ou natação) ao seu plano de treinos e investir na musculação são ações bastante importantes para que o seu corpo se fortaleça e você continue motivado para correr.
      Se, mesmo assim, você não está convencido de que precisa dar um tempo para que o corpo se recupere dos exercícios, saiba que não são apenas os músculos, os ossos, e as articulações que sofrem. Mais para frente, você perceberá que a fadiga, o mal-estar e até mesmo alguns tipos específicos de arritmia cardíaca podem aparecer.
      Além disso, se você não tomar cuidado, poderá ter alguma lesão. As mais comuns quando o assunto é a falta de descanso são a fascite plantar, uma dor insuportável na sola dos pés; as tendinopatias, que se mostram, principalmente, no tendão de Aquiles; a canelite, caracterizada pela dor no osso da canela; as fraturas por estresse no pé, na perna ou próximo ao tornozelo; e dores na frente e ao redor da patela, assim como no quadril e na coluna lombar. Por isso, por mais que você seja apaixonado pela corrida, pense na saúde do seu corpo, para que você não precise se afastar.
(Fonte: Moisés Cohen, professor titular e chefe do departamento de ortopedia e traumatologia da Unifesp, Presidente da Sociedade Mundial de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Trauma Desportivo (ISAKOS) e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte)

7 melhores alimentos para emagrecer

Alimentos funcionais são ótimas pedidas para o corredor que quer emagrecer. Saiba no que investir.
Alimentos funcionais são ótimas pedidas para o corredor que quer emagrecer
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      Muitos corredores gostariam de perder 1 kg ou 2 kg. Talvez, até 5 kg ou mais. Por quê? Para se sentirem mais bonitos, para melhorar a saúde e até mesmo para correr mais rápido e ir mais longe. Mas a perda de peso não é a tarefa mais fácil do corredor. Existe uma imensidão de variáveis que fazem parte desse processo, como a forma como você se exercita, como o seu metabolismo reage durante o dia e, principalmente, adieta que você segue.
      Substituir alguns alimentos por aqueles que trazem benefícios para o seu corpo (e facilitam a perda de peso) é uma ótima estratégia para que você fique mais fininho rapidamente. Por isso, listamos sete alimentos que podem ajudar nessa tarefa.
1. Abacate
      Ele é abominado por muitas pessoas por ser considerado uma fruta que engorda. Mas estudiosos da Nutrition Impact, uma consultoria americana especializada em alimentação e nutrição, avaliaram dados de mais de 17 mil pessoas e perceberam que quem come abacate, diariamente, pode chegar a pesar 3,5 kg a menos e ter uma circunferência abdominal quatro centímetros menor do que as das pessoas que não consomem a fruta. Mas não exagere no consumo deste alimento, pois tudo que é demais faz mal para a saúde.
2. Pimenta do reino
      Segundo uma pesquisa coreana, publicada na revista científica Journal of Agricultural and Food Chemistry, a peperina, mesma substância que dá o sabor ardido à pimenta do reino, não só combate os radicais livres como também inibe a formação de gordura na região abdominal. Considerada uma das especiarias mais antigas do mundo, a pimenta do reino ainda pode ajudar na cicatrização e é rica em vitaminas A, C e E.
3. Gengibre
      Um pedaço de 2 cm, três vezes ao dia, já é o suficiente para ter os benefícios do gengibre. Ele pode ser consumido misturado ao suco, no tempero de aves e peixes, refogado, em forma de chá ou batido no liquidificador com frutas. A especiaria traz benefícios para o metabolismo, já que a zingiberina – substância encontrada no gengibre – pode aumentar em até 20% o metabolismo, por estimular a queima energética. Mas essa aceleração do metabolismo não resultará em perda de peso se não for aliada à prática regular de exercícios e a uma alimentação saudável, visto que ele aumenta a lipólise, mas não a oxidação da gordura.
4. Peixes
      Os peixes são alimentos funcionais, com gorduras saudáveis e vitaminas essenciais para o funcionamento adequado do organismo. O principal lipídio que ele contém é o ômega-3. Ele representa uma família de compostos que não podem ser produzidos pelo organismo e que devem ser obtidos por meio da alimentação. Peixes como sardinha, salmão, tilápia, cavala, atum, bonito, olho de boi, arenque e serra são ricos nessa substância, que, entre outras funções, regula o metabolismo de gorduras e reduz os triglicerídeos.
5. Aveia
      Considerada um alimento funcional pela sua concentração de fibras solúveis, o consumo regular da aveia está relacionado à perda de peso, já que o cereal tem digestão lenta, proporcionando maior tempo de saciedade. Mas seu consumo deve ser feito de forma regular, respeitando um padrão alimentar saudável. Três colheres de sopa por dia já está de bom tamanho. Uma boa dica para inserir a aveia na dieta é misturá-la a outros alimentos saudáveis, podendo estar presente em refeições, como o café da manhã, lanches intermediários e ceia, com frutas, leite ou iogurtes. Por não ter um sabor muito forte, também pode ser inserida em preparações salgadas ou em substituição à farinha de trigo, sem causar grandes alterações de paladar.
6. Vinho
      Mais um bom motivo para você tomar vinho tinto: ele é capaz de bloquear o crescimento de células de gordura, segundo estudo realizado pela Purdue University, nos Estados Unidos. Os especialistas afirmam que isso acontece por causa do piceatanol, componente da bebida rico em antioxidantes, que é capaz de retardar a geração de células de gordura, impedindo novos depósitos de massa gorda. Outro estudo, realizado pelo Women’s Hospital Boston (EUA), chegou a uma conclusão complementar: as mulheres que consumiam vinho de uma forma consciente, numa média de uma taça por dia, engordaram menos do que as que não ingeriam a bebida.
7. Chá verde
      Descoberto pelos chineses no século XVII – e apresentado para o restante do mundo por meio dos japoneses –, o chá verde se tornou uma bebida famosa por seu poder diurético e secador de gorduras. Ele acelera o metabolismo e contêm polifenóis e flavonóides, antioxidantes que ajudam a proteger as células do corpo contra a ação dos radicais livres. Além disso, a bebida também age na inibição da atividade da lipase intestinal ou pancreática, cujo efeito se traduz numa menor absorção de triglicerídeos e colesterol, podendo contribuir para a perda de peso.
(Fontes: Mariana Lindenberg Alvarenga, diretora da Globalnutri Assessoria e Consultoria, Luana Vasconcelos, nutricionista da Clínica do Instituto Alpha de Saúde Integral, Paola Nunes, especialista em nutrição funcional da Super Healthy, Thaís Lara, nutricionista da Nutrir Bem, e Fernanda Granja, nutricionista especializada em alimentação funcional)

Lesão: quando usar gelo ou água quente?

      A dúvida que ronda o uso de gelo ou de água quente é latente entre os corredores. Saiba o que mais indicado para cada situação.

A dúvida que ronda o uso de gelo ou de água quente é latente entre os corredores
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      Depois de um treino intenso ou de uma pisada incorreta, as incômodas dores começam a aparecer. São muitas as indicações da melhor atitude a ser tomada para evitar problemas que o afastem dos treinos de corrida de rua. Mas é preciso acertar no tratamento para que você possa continuar investindo nas passadas, normalmente.
      Mas o que é melhor, gelo ou água quente? Na realidade, não é possível estabelecer uma regra definitiva, já que a biologia e a fisiopatologia dos machucados se manifestam com sintomas que devem ser avaliados caso a caso.
      No entanto, alguns indícios mostram os caminhos a seguir em cada caso, já que você deve usar esses tratamentos em momentos diferentes. Por isso, fizemos um guia simples para quando você precisar recorrer a uma das duas terapias.
Calor
      Se você está sentindo incômodo em alguma região do seu corpo por um tempo prolongado, a aplicação de calor antes de correr ou fazer outro tipo de exercício pode ajudar a soltar o músculo e relaxar a área dolorida. Você pode apostar em uma bolsa de água quente ou até mesmo em uma toalha embebida em água aquecida. Mas não adianta usar a estratégia muito tempo antes de treinar. O mais indicado é que você aplique o calor entre 5 e 10 minutos antes de correr.
      Depois de um tempo lesionado, o calor também pode ser uma forma de aliviar os sintomas do machucado. Mas antes de usar a técnica, é preciso que um médico avalie a evolução da sua lesão, já que os ferimentos podem exigir calcificação, cicatrização ou até mesmo cirurgia.
      Mas você pode seguir a seguinte lógica: estruturas pouco vasculares (como os tendões) devem recorrer ao calor, para que a fase inflamatória seja menor. Coloque a bolsa de água quente na região por cerca de 20 minutos. Mas não deixe que a água fique muito quente para não queimar a sua pele. A temperatura morna já traz os efeitos benéficos.
Frio
      O uso do gelo como proposta terapêutica para o alívio da dor é
conhecido como crioterapia. Apesar de ele ser considerado um anti-inflamatório natural, o gelo nem sempre diminui a resposta inflamatória, como se acredita, mas reduz os sintomas e os sinais da inflamação como dor, inchaço, vermelhidão e diminuição da função do membro ou da articulação lesionado.
      A indicação de uso é, principalmente, na fase inicial do tratamento, para que haja o controle da dor e do edema. As formas de aplicação são variadas: bolsas com gelo, bolsas de gel congelado, imersão em água gelada, massagem com gelo, além de sprays com efeito frio. Todas elas, utilizadas em ciclos de 15 a 20 minutos. A temperatura média deve estar entre 10ºC e 15ºC, respeitando a sua tolerância ao frio.
(Fonte: Maurício Garcia, coordenador do setor de fisioterapia do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte e fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp)

5 razões para investir na corrida e caminhada

Unir a corrida e a caminha no treino de corrida de rua é uma forma de ganhar rendimento
Foto: Shutterstock

      Você é novato na corrida de rua e está seguindo um treinamento que tem apenas corrida por pensar que caminhar durante os treinos é assumir uma derrota? Saiba que, na realidade, adotar um programa que une corrida e caminhada é uma ótima alternativa para que você ganhe rendimento.
      Certamente, alguma vez durante os treinos mais puxados, já passou pela sua cabeça caminhar um pouco, quando você não aguentava mais sustentar o ritmo. Andar durante treinos mais longos, e até mesmo em provas, é absolutamente normal. Alguns corredores associam, erroneamente, o andar à desistência em manter o ritmo puxado, pensando que se deve relutar ao máximo à prática, se rendendo apenas quando chega à fadiga extrema ou ao desconforto. No entanto, o exercício não pode se tornar um castigo. Esse ritmo mais suave pode ser parte de sua estratégia para corridas mais longas ou, até mesmo, em dias em que você não tem treino programado. Andar tem movimentos importantes para manter o funcionamento metabólico do organismo, gerando um estado de bem-estar físico e mental.
      Tente colocar suas ideias preconcebidas sobre corrida e caminhada de lado, e considere os grandes benefícios que essa dupla pode trazer para a sua corrida. Para ajudar, reunimos cinco razões que vão ajudá-lo a enxergar a prática casada com outros olhos.
1. Reduz o risco de lesão
      Os músculos e as articulações sofrem quando você está correndo. E muitas lesões comuns aos corredores ocorrem por conta do overuse. Quando você usa a caminhada como parte do seu treinamento, diferentes músculos são requisitados e você reduz o impacto sobre as articulações, mesmo se percorrer a mesma distância que faria correndo.
2. Melhora o ritmo global
      Muitos corredores não acreditam, mas unir corrida e caminhada nos treinos faz com que você melhore sua velocidade final. Fazer pausas curtas para andar gera o descanso suficiente para que você volte com mais pique para a corrida, o que também faz com que você vá mais rápido do que seu ritmo normal.
3. Mentalmente é mais fácil
      Ao dar uma pequena pausa para caminhada, sua cabeça entende que a longa jornada que ainda tem pela frente é mais fácil para ser administrada. E fazendo uma pausa curta você ainda quebra a monotonia do treino, o que pode ajudá-lo a lidar com os desafios mentais e com qualquer desconforto que você possa estar sentindo.
4. Ajuda na recuperação
      Use a caminhada como ferramenta de recuperação para conseguir treinar por mais tempo em cada sessão, alternando-a com a corrida. Fazer pausas é também uma estratégia inteligente para a construção da resistência e para melhorar o funcionamento do corpo.
5. Ganho de resistência
      Caminhar ajuda a aumentar a resistência sem colocar tanta pressão sobre as articulações e os músculos como acontece na corrida. Atente-se, ainda, para o fato de que ela diminui o impacto nas articulações, ligamentos e tendões, sendo uma aliada em dias de treinos mais puxados.
(Fonte: Sinara Guedes é professora da Branca Esportes Assessoria Esportiva – São Paulo)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

KINESIO TAPE NÃO FUNCIONA!



      Após algumas pesquisas e perguntas que continuaram sem respostas, eis que sai uma reportagem sobre a Kinesio Tape. Este estudo publicado vem à confirmar minhas dúvidas, porém, ainda pretendo descobrir mais sobre esta técnica.
      A Revista O2 de Agosto/14 traz apenas um "teaser" sobre o assunto, mas logo abaixo segue a entrevista completa.
Boa leitura!

Por Rodolfo Lucena
Ultramaratonista e Colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha.

      A gente está cansado de ver, em partidas de futebol, jogos de tênis, embates e de vôlei e até disputas de natação, atletas exibindo aquelas fitas gomadas coloridas. Muitos de nós, corredores, também já usamos a kinesio tape, em tratamento de alguma lesão muscular.
      Pois agora um estudo feito por pesquisadores brasileiros, que revisaram pesquisas internacionais envolvendo quase 500 pacientes, demonstraram que os cientistas não conseguiram provar a eficácia desse tipo de tratamento. Eu entrevistei o orientador desse trabalho, professor Leonardo Costa, coordenador do programa de doutorado em fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) para bum reportagem que foi publicada na Folha.
      Agora, publico a entrevista completa com o professor Costa, que dá mais detalhes sobre o seu trabalho. A Pesquisa foi publicada no “Journal of Physiotherapy”, uma das três mais importantes revistas científicas no mundo no terreno da fisioterapia.       Como em outras publicações do gênero, ela só publica artigos depois de os textos passarem por rigorosa revisão feita por cientistas da área.
Bueno, vamos à entrevista.

Por que o senhor resolveu fazer uma revisão dos estudos sobre kinesio tape?
      Eu me interessei em estudar o kinesio taping após ver centenas de imagens na TV de atletas profissionais, por volta de 2010, utilizando essas fitas coloridas. Naquela época, achava que era simplesmente um esparadrapo colorido e bonitinho. Nesse mesmo ano, fui ao congresso da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe) e vi uma palestra do Kenso Kase (um quiropracista que é o inventor da técnica). Achei o teor e os argumentos científicos do uso da fita extremamente superficiais e decidi estudar essa intervenção a fundo. Rapidamente percebi que os poucos estudos existentes já afirmavam que a técnica não funcionava e decidi abrir uma linha de pesquisa nesse tópico.
      Desde então fizemos uma revisão sistemática (que é o tópico dessa entrevista), já encerramos um ensaio controlado aleatorizado em 148 pacientes com dor lombar crônica (que será publicado em julho desse ano) e estamos, no momento, fazendo um terceiro estudo, também em pacientes com dor lombar.
      Um dos objetivos do meu grupo de pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo – Unicid (também liderado pela profa. dra. Lucíola Menezes Costa) é informar melhor pacientes e terapeutas sobre a eficácia do kinesio taping em pacientes com problemas do aparelho musculoesquelético. A revisão também faz parte do estudo da ex-aluna Patrícia Parreira do Mestrado em Fisioterapia da UNICID, hoje doutoranda na University of Sydney, Austrália.

Na introdução de seu trabalho, o senhor cita outras pesquisas do mesmo gênero (revisão de literatura), ainda que com aspectos diferentes. Consideradas as suas especificidades, quais foram os resultados dessas pesquisas? Eles são consistentes com o resultado da pesquisa que o senhor coordenou?
      Os resultados das revisões anteriores são extremamente consistentes com os da nossa revisão. De forma bem resumida e simples pode-se dizer que a evidência cientifica atual é muito clara: o KT não é útil para pacientes e atletas como os criadores da técnica proclamam.

A pesquisa afirma que não há comprovação científica ou médica de efeitos curativos do KT. Qual é a novidade disso, considerando que, já na Wikipedia, o verbete sobre o tema começa dizendo exatamente isso? Ou seja, é voz corrente mesmo fora dos meios acadêmicos ou científicos…
      Eu me faço a mesma pergunta todos os dias: se todos sabem que não funciona, por que todos continuam usando? Há uma indústria de fitas e cursos enorme por trás disso, que distribuem gratuitamente fitas em jogos olímpicos e grandes eventos esportivos. Isso passa uma impressão de credibilidade do tipo “se o Rafael Nadal usa, porque eu não posso usar?”.
      Lembro a você, Rodolfo, que aquelas braçadeiras magnéticas (denominadas de Power Balance) tiveram a mesma repercussão no passado e hoje estão banidas por órgãos de defesa do consumidor em vários países desenvolvidos. A triste realidade é que muitos recursos utilizados no esporte não necessariamente possuem suporte científico para sua utilização.

O fato de não haver comprovação científica significa dizer que a fita não funciona?
      Há uma grande diferença entre “não haver comprovação científica” (não haver estudos) e “haver comprovação que não funciona”. Minha revisão encontrou 12 ensaios controlados aleatorizados (que são considerados os melhores tipos de estudo para verificar os efeitos de uma intervenção de saúde) e praticamente nenhum deles encontrou benefícios dessa fita. Ou seja: há comprovação científica de que não funciona.
      Logicamente, é possível que novos estudos isolados venham a encontrar resultados positivos de forma pontual, mas os dados atuais apontam que essa possibilidade é improvável. Nosso grupo de pesquisa da Unici segue realizando novos estudos para verificar se algo muda. Como pesquisadores profissionais, estamos prontos para divulgar nossos resultados, independentes deles serem positivos ou não. Nosso foco é informar usando a melhor ciência disponível.

Se ela não funciona, como o senhor explica o grande número de atletas que a usa, como se viu na última Olimpíada ou em qualquer partida internacional de tênis?
      O KT é um dos maiores “cases” de marketing esportivo da história. Desde as olimpíadas de Sydney em 2000, quilômetros de fitas KT são distribuídos gratuitamente para os departamentos médicos das confederações esportivas de todos os países (há várias reportagens sobre isso na internet). Muitos médicos, treinadores e fisioterapeutas passaram a usar a tal fita colorida em seus atletas e o KT ganhou muita publicidade gratuita com isso.
      Infelizmente, a maioria esmagadora dos estudos vem demonstrando que o efeito dessas fitas não são superiores a de um efeito placebo. Cientificamente falando, o fato de um atleta se sentir melhor com uso da fita não significa que ela seja eficaz.
      No mesmo sentido, como o senhor explica que vários treinadores de corrida e fisioterapeutas especializados na área esportiva recomendem seu uso e façam aplicações do KT? Aliás, conversei com alguns que deram depoimentos entusiasmados (tipo: uso, defendo e recomendo)…
      A mente humana é incrível e quanto mais publicidade positiva (e não baseada em evidências científicas) ocorrer, maior será essas impressões incorretas de eficácia. Infelizmente, os cursos de utilização de KT e as demais formas de divulgação dessa intervenção não apresentam os estudos que, de fato, investigaram sua real eficácia.
      O mais curioso é que, mesmo quando apresento dados sobre isso, muitos técnicos e fisioterapeutas dizem:  “Pois eu continuarei usando”. Isso é lamentável, porque no fundo, ninguém está se beneficiando. Tratamentos eficazes podem estar sendo substituídos por um novo tratamento que não é melhor do que um placebo.
O senhor acredita que há mais marketing do que ciência em torno da eficácia do KT?
      Não só para o KT como para diversas intervenções em saúde. A ordem correta das coisas seria que primeiro fosse testada a eficácia das intervenções e depois as mesmas poderiam ser colocadas no mercado. Infelizmente, não é isso que acontece e nesse meio tempo, muitos gastos são feitos em tratamentos ineficazes.

Por favor, dê mais detalhes sobre a pesquisa realizada pelo seu grupo.
      O estudo considerado padrão ouro para determinar a evidência de uma determinada intervenção é denominado “revisão sistemática de ensaios controlados aleatorizados” e esse foi o estudo que fizemos. Nós buscamos nas principais bases de dados em pesquisa do mundo os ensaios controlados aleatorizados sobre a eficácia do KT para pacientes com qualquer problema músculo esquelético.
      Encontramos 12 ensaios clínicos que preencheram esses critérios de elegibilidade. Retiramos todas as informações de cada um dos estudos (como por exemplo, qual problema de saúde foi investigado, como as fitas foram aplicadas, qual foi o grupo controle utilizado para comparação, qual era o tamanho amostral, além dos resultados de cada um dos estudos, entre outros). Além disso, analisamos a qualidade metodológica de cada um desses estudos.
      De posse dessas informações, fomos capazes de sumarizar os resultados dos 12 estudos, ponderando esses resultados levando em consideração o tamanho amostral e a qualidade de cada um dos estudos. Nossas conclusões foram que praticamente todos os estudos encontraram que o KT não era melhor que os grupos controle e nas raras situações em que o KT foi melhor, essa “vantagem” era ínfima e que não pode ser considerada como clinicamente importante.
      É importante ressaltar que nossas conclusões são baseadas nesses 12 estudos já publicados e que é possível, que estudos maiores podem mudar essas conclusões. Mas está claro que a evidência atual é contundente que o KT está longe de ser considerado como uma terapêutica eficaz para pacientes com dores de origem musculoesquelética.

Não é pouco para fazer afirmações como as que vocês fazem?
      Na data da realização das buscas da revisão, só existiam 12 ensaios controlados aleatorizados sobre o tópico, nossa revisão sumariza TODA a evidência disponível para pacientes com distúrbios musculoesqueléticos. Ou seja, nenhum estudo com essas características foi desconsiderado.
Há outras revisões que só analisaram estudos com atletas ou com pessoas normais. Ambos estudos analisaram variáveis de performance (como por exemplo, saltos verticais, força muscular, etc). A conclusão dessas revisões é idêntica a nossa: o KT não foi melhor que placebo.

Como a comunidade acadêmica recebeu seu estudo?
      Todas as vezes que apresentamos os resultados dessa revisão em congressos, defesa de dissertação de mestrado e para agências de fomento de pesquisa (como a FAPESP e CNPq), os projetos de KT do nosso grupo foram sempre bem recebidos. Nossos estudos são extremamente rigorosos do ponto de vista científico e nunca fomos questionados quanto a interpretação e veracidade dos nossos resultados. A comunidade acadêmica analisa os dados de forma neutra e sem conflitos de interesse. Ninguém viu os dados com surpresa. Porém observo muita frustração de clínicos e instrutores de KT em nossas apresentações.

Fonte: http://rodolfolucena.blogfolha.uol.com.br/2014/06/16/kinesio-tape-nao-funciona-diz-estudo-brasileiro/

Como o álcool afeta o fortalecimento muscular?

Consumo de bebidas alcoólicas interfere na síntese proteica dos músculos
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      Pesquisa mostra que, mesmo com dieta balanceada, o consumo de bebidas alcoólicas interfere na síntese proteica dos músculos.

      O dilema entre a relação do álcool com o desempenho na corrida é antigo. Tem os que defendem que tomar uma cervejinha com os amigos, vez ou outra, não faz diferença na performance, assim como tem os que abominam a prática.

      É sabido que o álcool sobrecarrega o funcionamento hepático, deixando mais lento o processo de geração de energia, aumentando a fadiga muscular e diminuindo o tempo de resistência para as sessões de treino. Além disso, seu consumo exige do organismo um aumento na produção de antioxidantes, para limpar as toxinas geradas pela bebida, o que pode acelerar o processo de envelhecimento celular.
Outro fator relevante: as bebidas alcoólicas possuem alto valor calórico, fornecendo 7 kcal por grama de álcool. E essas calorias são consideradas “vazias”, pois não fornecem nutrientes para o organismo.
      Porém, recente estudo realizado por um grupo de pesquisadores australianos e pulicado na revista PLoS ONE endossa os argumentos do grupo que rejeita o consumo de bebida alcoólica. A pesquisa revelou que, mesmo com a dieta balanceada, o álcool é capaz de suprimir a resposta anabólica no músculo esquelético, prejudicando a recuperação depois da atividade física.
      O estudo colocou voluntários em uma rotina de exercícios rigorosos (com musculação, ciclismo e corrida de alta intensidade). Depois de repetir três vezes a série de treinamento, eles eram submetidos a uma alimentação rica em carboidratos e, 2h depois, ingeriam 25g de proteína. Passadas 4h, o grupo se alimentava com mais 25g de proteína. Porém, durante esse intervalo, uma parte do grupo ainda ingeriu um total de 1,5 g de álcool por kg de peso corporal. Mais: uma terceira parcela das pessoas, além do álcool, ingeriu apenas carboidratos.
      Com isso, a resposta dos músculos foi analisada caso a caso. E o resultado é que a síntese proteica muscular varia bastante em cada situação. Não surpreendentemente, o valor da síntese em repouso é o mais baixa. O pós-exercício (sem bebida) mostrou o resultado mais favorável, seguido da dieta com álcool e proteína e, por último, pela dieta que combinava álcool e carboidrato. Por isso, se você se exercita e depois se rende ao álcool, saiba que o fortalecimento muscular, tão importante para ganhar rendimento na corrida, é suprimido imediatamente.
(Fontes: Priscila Di Ciero, nutricionista esportiva funcional, e Luís Ricardo de S. Alves, nutricionista esportivo)