terça-feira, 8 de abril de 2014

Cadeira ou fitball?

      A bola suíça vem sendo cada vez mais usada como opção para trabalhar. A alegação: ela nos ajuda a ficar mais atentos à postura. Será que é hora de jogar a sua poltrona no lixo?
A bola funciona, desde que sentemos super-retos

      Depois de décadas de uso em estúdios de Pilates, academias e centros de fisioterapia, a fitball ganhou uma nova utilidade: virou cadeira de trabalho. As alegações: a de que a falta de apoio para as costas e braços faz com que fiquemos mais atentos à postura, que geralmente desaba quando temos a certeza de que há uma sustentação atrás e a de que ajuda a queimar umas calorias extras – cerca de 30, se considerarmos um  período de trabalho de oito horas. O artista e curador de artes visuais Giorgio Ronna, de Pelotas (RS), lembra da sensação de se sentar pela primeira vez na bola na casa de uma amiga. “Minha coluna ficou instantaneamente alinhada, e, por isso, comprei uma, que usei por quatro anos.”
      Acostumada a usar a bola suíça com seus alunos, Rafaela Porto, coordenadora técnica do Pilates StudioFit, em São Paulo, diz que sentar sobre a fitball ativa os músculos estabilizadores do core. “A musculatura do core não é acionada facilmente. Quando é, ela serve para manter a estabilização da postura e a coluna ereta”, explica a fisioterapeuta Claudia Nammour Rossi, que dirige a CNROSSI, empresa de consultoria e assessoria em ergonomia e prevenção às LER, em São Paulo. Segundo Luigi Marino, treinador do Core 360º, em São Paulo, o desafio dos músculos estabilizadores do tronco, quando sentamos na bola, é maior se compararmos a uma cadeira. “Mas passar o dia sentado ali não garante boa postura, porque os músculos posturais podem cansar rapidamente e podem ocorrer compensações indesejadas na postura.”
      Foi exatamente isso o que um estudo feito em 2009 mostrou. Ao observarem 28 jovens, pesquisadores britânicos descobriram que sentar na bola por horas e horas seguidas – como acontece, por exemplo, em ambientes de trabalho – leva as pessoas a ficarem com a postura tão ruim quanto se estivessem sentadas numa cadeira. Outro estudo comparou o que acontecia quando secretárias passavam horas digitando no computador sentadas numa cadeira com apoio para os braços e numa bola.
      A conclusão foi de que, embora apoiar o bumbum na fitball gere mais atividade muscular, algo positivo, quando comparado a uma poltrona, também produz mais pressão sobre as costas, principalmente na lombar. “Se retirarmos o apoio das costas, com certeza obrigaremos o usuário a se manter equilibrado sobre qualquer tipo de assento, inclusive sobre a fitball, mas isso não quer dizer que será mais confortável, pois estudos de biomecânica comprovam que a pressão nas vértebras da coluna lombar é muito maior quando ficamos sentados sem apoio para as costas do que se ficarmos de pé pelo mesmo tempo. E essa pressão pode causar desconfortos e dores nas costas”, explica Ronildo Aparecido Pavani, coordenador do curso de pós-graduação em Ergonomia do Centro Universitário Senac, de São Paulo.
 
A conclusão
      Ter uma fitball em casa ou no trabalho pode ser uma excelente oportunidade de acionar a musculatura do core, mas desde que você não fique sentado por horas a fio. Com relação à postura, difícil dizer qual dos dois a prejudica menos, mas uma coisa é certa: se você não tiver consciência corporal, provavelmente vai se posicionar tão errado na bola quanto na cadeira.
Sentar na bola funciona, desde que nos posicionemos nela super-retos e todos sabemos que a maioria das pessoas não faz isso.
      O grande problema, dizem os especialistas, é que, à medida que ficamos cansados da jornada de trabalho – quem não fica? –, tendemos a arquear os ombros e encolher. No caso da bola, como não há o apoio, pode-se mesmo cair para o lado. O apoio da cadeira sustenta a lombar, reduzindo a pressão sobre os discos intervertebrais. “Usar a bola como cadeira pode resultar no oposto do benefício que se espera. Ou seja, numa sobrecarga de toda a musculatura acessória: trapézio, ombros e coluna cervical. Ninguém consegue manter o tempo todo a sustentação da musculatura do core”, diz Claudia.
      Sentar na bola é bom? Sim, desde que por curtos períodos. Uma boa opção é alternar o uso da cadeira com o da bola. “Marque o tempo para trocar de suporte com o objetivo de prevenir a piora da postura. Gradativamente, aumente a permanência na bola”, sugere Marino. “Recomendo usá-la durante cerca de 10 minutos, com foco e com orientação profissional sobre como acionar o core”, completa Claudia.

Fonte: http://sportlife.terra.com.br/index.asp?codc=2868

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