Segundo especialistas, menos de 10% dos casos necessitam de intervenção cirúrgica
A dor ciática é provocada pela inflamação do nervo ciático ou pela pressão da coluna sobre o nervo. Maior nervo do corpo humano e o principal nervo dos membros inferiores, o ciático é formado pelo plexo lombar e pelos nervos que saem da quarta vértebra lombar até a terceira vértebra sacral. É ele que controla as articulações do quadril, joelho e tornozelo e também os músculos posteriores da coxa e os músculos da perna e do pé.
Essa dor no ciático pode acometer homens e mulheres. Alguns fatores como o envelhecimento, obesidade e sedentarismo podem levar, a longo prazo, ao desgaste das estruturas da coluna vertebral. “A dor geralmente é sentida como uma pontada ou uma queimação”, explica Maurício Garcia, coordenador do Setor de Fisioterapia do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, e fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp.
O fisioterapeuta informa que a dor começa gradualmente, piora durante a noite e é agravada pelos movimentos. “A dor tem início na região inferior da coluna, irradia-se para um dos glúteos e prolonga-se pela parte profunda da coxa e/ou superficial da perna até o pé”, relata Garcia, acrescentando ainda que também pode haver formigamento, parestesias (baixa sensibilidade) ou fraqueza nos músculos da perna afetada.
A extrusão do núcleo pulposo pode provocar uma compressão nas raízes nervosas correspondentes à hérnia de disco ou à protrusão, assim descrita pelo especialista: “Esta compressão poderá causar os mais diversos sintomas. Além da exacerbação de dor, parestesia e fraqueza, consequências mais graves como ineficiência do nervo acometido e perda de função, até incontinência urinária”.
O Dr. Adriano Scaff Garcia, neurocirurgião do Centro Especializado em Coluna e Dor de Ribeirão Preto, SP, especialista em Neurocirurgia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e da Sociedade Brasileira de Coluna, relata que a dor ciática atinge cerca de 15% da população e pode causar muito desconforto.
De acordo com o neurocirurgião, algumas hérnias de disco geram dores no ciático. “Quando ocasionam, cerca de 75% delas melhoram com o tratamento clínico - repouso, fisioterapia e medicamentos - no decorrer de até seis semanas de tratamento. Entretanto, menos de 10% das dores ciáticas necessitam de tratamentos intervencionistas ou cirurgias”, explica ele.
Fatores hereditários favorecem a hérnia de disco
Uma dúvida corriqueira é em relação ao motivo pelo qual as lesões acometem tanto pessoas comuns quanto atletas. Segundo o Dr. Maurício, há uma pré-disposição que favorece as hérnias de disco, como problemas posturais, inatividade, doenças inflamatórias, repetição no trabalho, fumo, idade avançada, entre outras.
Já em esportistas, a sobrecarga de exercícios, além de erros do gesto esportivo, aumentam os riscos de comprometimento discal e a formação das hérnias. “Quando o tratamento correto em momentos de crises é negligenciado e não são respeitadas orientações, as quais envolvem poupar alguns movimentos agressivos, esta cronicidade pode trazer sequelas irreversíveis”, alerta o fisioterapeuta.
Tratamento e prevenção da lesão ciática
Para um tratamento adequado da lesão ciática, o diagnóstico preciso é fundamental. “O primeiro passo é a diminuição da dor por meio da utilização de analgésicos, anti-inflamatórios ou até medicações mais fortes à base de corticoides e morfina”, esclarece o coordenador de fisioterapia.
Após o paciente sair da crise de dor, os especialistas normalmente recomendam condutas de fisioterapia, variando a modalidade com eletrotermoterapia, Reeducação Postural Global (RPG), Rolf e Hidroterapia, associadas a tratamentos para manter o paciente sem dor, como a acupuntura. “Algumas opções alternativas frustram quando mal indicadas. Por isso, muitas indicações cirúrgicas podem ser evitadas com tratamentos como RMA da Coluna Vertebral”, sugere o Dr. Maurício.
O RMA é um programa de fisioterapia que utiliza técnicas de fisioterapia manual, mesa de tração eletrônica, mesa de descompressão dinâmica e estabilização vertebral. “Visa melhorar o grau de mobilidade músculo-articular, diminuir a compressão no complexo disco vértebras e facetas, dando espaço para nervos e gânglios”, diz ele.
É possível prevenir problemas lombares como a dor ciática através da prática de exercícios físicos para fortalecer a musculatura da coluna. “Exercícios de estabilização vertebral são necessários e podem ser realizados numa atividade de musculação orientada, como pilates e yoga, ou com treinamento funcional, onde são focados os músculos profundos do abdômen”, conclui o Dr. Maurício Garcia.
Consultoria Técnica: Márcio Santos
Por Jornalismo Portal EF
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