quarta-feira, 31 de julho de 2013

Jejum prejudica processo de emagrecimento e ainda faz mal à saúde

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Passar muitas horas sem se alimentar pode levar à perda de massa muscular e à flacidez. 

      Na briga com a balança, sabemos que é preciso reduzir a ingestão de calorias para poder perder peso. Um erro comum, provocado por muitos pacientes que procuram os nutricionistas está em fazer jejum prolongado para tentar, dessa forma, emagrecer. Só que ao não se alimentar adequadamente, o nosso corpo entende que estamos em perigo e começa a “poupar” energia (ou seja, gordura) para nos proteger da escassez.

O que é, o que é?
      Segundo o neurocirurgião do Hospital das Clínicas Dr. Fernando Gomes Pinto, jejum é, por definição, um período prolongado sem ingerir comida ou líquidos, com limite aceitável de oito horas para adultos e seis horas para crianças.

      Dra. Daniela Cunha Cavalheiro, nutricionista da empresa Ser Saudável Nutrição, explica que o estômago dá sinal de fome em poucas horas de jejum, mas a sobrevivência sem alimento varia de acordo com o estado nutricional da pessoa e exemplifica: “existem indivíduos que adaptam o seu organismo ao jejum prolongado, como acordar e não tomar café da manhã, se alimentando só no almoço ao meio dia sem sofrer nenhum mal-estar. Enquanto outros, em apenas duas horas sem alimentos sentem dor de cabeça, visão turva, face pálida e sudorese fria, principalmente nas extremidades”.

      Essa “abstinência calórica” até faz com que a pessoa sinta diferença nas medidas, mas não porque emagreceu e sim porque perdeu massa magra, água e glicogênio. Daniela explica que o jejum é prejudicial porque o organismo é dependente de quantidades constantes de glicose para sobreviver, não sendo a quantidade de carboidrato armazenada, o suficiente para manter esse nível de glicose do organismo constante. “O jejum prolongado obriga o corpo a trabalhar em marcha lenta, diminuindo o ritmo de todas as funções com o objetivo de economizar energia. Com essa queda no metabolismo, é possível engordar até comendo menos, pois o corpo entende que há a necessidade de formar uma reserva energética.”

Os sintomas
      Jejuar por longos períodos é ruim para o corpo, que manda sinais de que algo não vai bem. “O indivíduo, por faltar glicose, pode desencadear dor de cabeça, dificuldade de concentração, diminuição do rendimento intelectual, chegando a ter alucinações em casos extremos”, conta Pinto. 

      Nosso corpo funciona para nos manter vivos e a falta de alimento faz o organismo entender que estamos “num período de guerra, em que é necessário economizar e estocar energia”, segundo a nutricionista, que reforça que quem lança mão dessa abstinência calórica para emagrecer está, na verdade, dando um passo pra trás, porque “só vai contribuir para o aumento dos chamados pneuzinhos”, uma vez que o corpo vai estocar tudo o que se come em forma de gordura.

      Além disso, “o neurônio utiliza glicose e oxigênio para funcionar de forma adequada e começa a ter prejuízo no funcionamento do sistema nervoso quando falta comida”, ensina o neurocirurgião. 

Não vale a pena
      Jejuar pode emagrecer, já que sem alimento, o corpo passa a queimar tudo o que tem reservado, mas, segundo a nutricionista Daniela, o preço a ser pago é alto e a saúde é colocada em risco, sim, para um resultado que provavelmente não vai durar.

“Isso acontece porque quando permanecemos em jejum, inicia-se a gliconeogênese, com mobilização das reservas de carboidratos do fígado. Ocorre, em seguida, o catabolismo das proteínas que são diretamente utilizadas pelos tecidos ou convertidas em glicose.

      Após esta fase de utilização de proteínas e carboidratos, prioriza-se finalmente a mobilização da gordura, com a formação de corpos cetônicos, que podem atravessar a barreira do sangue e do cérebro e serem utilizados como energia. Se o jejum prosseguir por muito tempo, intensifica-se novamente o catabolismo protéico, desta vez de forma mais acentuada e danosa. De acordo com alguns estudos em nutrição e comportamento, diversas pessoas que hoje sofrem com distúrbios alimentares compulsivos como bulimia e anorexia, já experimentaram o jejum durante algum período de suas vidas.”

Corpos cetônicos
      Daniela explica que os corpos cetônicos são compostos solúveis no sangue e na urina. Eles são três compostos produzidos por meio da quebra de ácidos graxos no fígado: acetoacetato, beta-hidroxibutirato e acetona. 

“Quando a quantidade de açúcar no sangue cai, chega a hora de o corpo começar a queimar lipídios em substituição - um processo chamado cetose. Um dos produtos dessa metabolização são os corpos cetônicos, que se transformam espontaneamente em acetona - uma substância de cheiro bem característico. Parte dela é liberada pela urina, mas, como é muito volátil, sai até pela respiração. 

      Daí o hálito meio azedo liberado na respiração de portadores de diabetes, de pessoas em dieta e de quem acaba de acordar”, ensina a nutricionista.

      Quando acontece em excesso, a produção de corpos cetônicos pode se transformar em uma patologia: “nesses casos tem-se o que chamamos de cetose (o nível de corpos cetônicos no plasma sanguíneo está elevado) e com isso o pH do sangue diminui bastante (acidose). Também se encontra corpos cetônicos na urina (cetonúria), quando a cetogênese esta muito acelerada, o que é um sinal de descompensação da diabetes”.

Começar bem o dia
      Enquanto dormimos, nosso corpo continua em funcionamento, mesmo que em um ritmo mais lento, para seguir respirando, mantendo o ritmo cardíaco etc. Essas funções demandam energia e, por isso, ao despertar é preciso colocar algum “combustível” pra dentro: o café da manhã.

      Tem gente que costuma pular essa refeição por pressa ou por falta de fome, o que não é nutricionalmente adequado. Daniela conta que o café da manhã fornece, entre outros nutrientes, carboidratos para que se possam ser feitas as tarefas do dia a dia, influenciando no rendimento diário. “Ao pular o café da manhã, o corpo ficará prejudicado porque o organismo, depois de esgotada a principal fonte de energia, que é a glicose, passa a usar o glicogênio estocado principalmente no fígado e nos músculos”, conta. É aí que se dá o pontapé da queima da massa magra, lembra?

Consultora TécnicaTatiane Cardoso Viana, nutricionista esportiva e clínica. Atua como Personal Diet, Coordenadora Comercial e Docente dos Cursos de Extensão Universitária da empresa Ser Saudável.

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